Entrevista com o Autor


Paulo Fernando Silveira
em 14/05/2014

Ao tomar conhecimento da notícia e sem pensar duas vezes, Jacu se dirigiu para aquela região do Alto Paranaíba mineiro e, após demonstrar  suas  habilidades  na  cavalgadura  e  no  manejo  do  gado, conseguiu facilmente o emprego. Para o líder do grupo, mais uma arma de um celerado  respeitado era  bom  para  o  negócio e segurança na  viagem, sempre incerta, imprevisível e perigosa. Por isso mesmo, bastante excitante. (Trecho do livro: Gritos na Escuridão - A chacina que abalou Volta Grande - Dez homicídios: vingança ou ganância? Paulo Fernando Silveira)

1. Que tipo de livro é Gritos na Escuridão?

R. É um romance policial inspirado em fatos reais, ou seja, a chacina de 10 (dez) pessoas de uma mesma família, envolvendo adultos e crianças, sendo que duas das vítimas foram decapitadas.

2. Trata-se de um documentário ou constitui uma obra de ficção?

R. Cuida-se de um trabalho ficcional, apenas baseado, em seu núcleo, no caso real. Nomes, data, local foram trocados. A ordem dos acontecimentos foi propositalmente alterada e personagens fictícios foram introduzidos, tudo isso a fim de se obter maior dramatização literária.

3. O que o levou a escrever sobre esse massacre?

R. Na época, o caso teve repercussão nacional. Além disso, é bastante emblemático, tendo em vista sua singularidade, principalmente pela crueldade praticada na mortandade. Guardei-o na memória. Trinta anos depois, senti que precisava levar ao conhecimento público, não a notícia, mas os detalhes, notadamente os psicológicos, relativos a cada ator e vítima da atrocidade.

4. Você é autor de quais livros?

R. Escrevi 4 (quatro) livros de Direito (Devido Processo Legal; Freios e Contrapesos; Rádios Comunitárias e Tribunal Arbitral). E tambem dois livros de história (A Batalha de Delta e O Sertão da Farinha Podre) e l (um) jusfilosófico (500 Anos de Servidão). De ficção são 6(seis):  (O Sétimo Jurado; O Morro das Sete Voltas; Assassinato em Jaguara; Capão da Onça; Gritos na Escuridão e A Morte Prefere o Vermelho). Estes últimos foram publicados pela Juruá, essa renomada e prestigiada editora.

5. Algum deles obteve premiação?

R. Sim! As obras A Batalha de Delta e O Sertão da Farinha Podre foram agraciados, respectivamente, com o Premio Clio de História, 29ª e 30ª edições, pela Academia Paulistana de História, da capital de São Paulo, nos anos de 2006 e 2007. Já os quatro livros de Direito e o jusfilosófico, bem como o romance O Morro das Sete Voltas, fazem parte da Library of Congress, em Washington-DC, onde esses seis foram classificados como de alta relevância (cinco marcas). Os livros Devido Processo Legal e O Morro das Sete Voltas integram o acervo da biblioteca da Harvard University, em Cambridge-USA. Este último livro foi mencionado pela Wikepedia como referência na biografia em inglês da Olga Benário.

6. Fale-me um pouco sobre o livro O Morro das Sete Voltas!

R. Ele narra a história (ficcional) de cinco jovens que, durante a ditadura militar, ingressam na clandestinidade para combater o regime. Filiam-se à ALN-Ação Libertadora Nacional, liderada por Carlos Marighella. Depois passam para a VAR-Palmares, comandada pelo capitão Carlos Lamarca. Acompanham-no, já dentro do MR-8-Movimento Revolucionário Oito de Outubro, até sua morte na Bahia, após intensa perseguição encetada pelas forças do governo.

7. E o livro Assassinato em Jaguara, de que cuida?

R. A ação se desenvolve durante um julgamento feito pelo júri, em que um rapaz é acusado de matar a esposa do prefeito de uma pequena comunidade. A vítima é filha de um poderoso coronel, que domina financeira e politicamente a pequena cidade. No decorrer do processo, ocorre outra morte, aparentemente relacionada, sem falar do anterior assassinato de um taxista, um mistério a ser desvendado pelo leitor.

8. Sobre o livro Capão da Onça, o que você me diz?

R. A P2 (que é o órgão secreto da policia militar de Minas Gerais) está no encalço de um serial killer que anda matando velhinhos que moram nas fazendas. Em Capão da Onça, um pequeno vilarejo, uma família inteira é massacrada na sede de seu sítio. A P2 acha que foi ato do maníaco. Contudo, lá, existe um delegado de calça-curta muito inteligente e perspicaz, que acredita que o crime foi praticado por outra pessoa. O mistério é desvendado somente no final do livro.

9. E o livro O Sétimo Jurado, de que trata?

R. Numa pequena cidade, dominada por um coronel (um rico e influente fazendeiro), seu filho comete um assassinato e vai a júri popular. Por todos os meios, seu pai procura comprar ou intimidar os jurados e, mesmo, até controlar o promotor público e o juiz de direito. Somente um jurado resiste ao seu assédio. Quem é ele?

10. Deu para perceber que, em seus romances, você mistura ficção com realidade. Qual o seu objetivo? Nesse passo, seguiu o modelo de algum outro autor?

R. Em minhas obras, persigo um objetivo principal, que é oculto e subjacente, e outro acidental, meramente para entretenimento do leitor. Assim, sem que ele se preocupe em aprender, forneço-lhe, de maneira sub-reptícia, farta dose de informações históricas e de cultura e ambientação politica regional. Tenho como fonte de inspiração os escritores Humberto Eco (O Nome da Rosa) e Ken Follett (Os Pilares da Terra ‘The Pillar of the Earth’; O Mundo sem Fim ‘World Without End’ e A Queda dos Gigantes ‘Fall of Giants’).

11. Para finalizar, fale um pouco sobre o seu mais recente lançamento, o livro ‘A Morte Prefere o Vermelho’.

R. Neste, como em alguns dos outros, há uma mistura de ficção e história. Um diamante é furtado e há um assassinato a ser desvendado. Subjacentemente, pela boca do personagem principal, o médico-legista e pretenso historiador, desenrola-se toda a história do Triângulo Mineiro, não cronologicamente, mas em ligeiros ‘flashes’, mostrando o genocídio dos índios Caiapós, a luta dos quilombolas por sua liberdade, as impactantes implicações políticas, em nível nacional, do caso do estupro da Dona Beja, ocorrido em Araxá-MG, e, finalmente, as batalhas que aconteceram na fronteira do Rio Grande, entre paulistas e mineiros, por ocasião das revoluções de 1930 e de 1932.


O Autor é natural de Conceição das Alagoas-MG. Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, ocupando a cadeira nº 20. Foi advogado, por dezoito anos, e professor universitário. Fez várias viagens internacionais de estudo, notadamente na Europa, Estados Unidos e Canadá. Diplomou-se em inglês nos Estados Unidos e em Londres, na Inglaterra. Chefiou, por longos anos, as Carteiras de Câmbio e Comércio Exterior-CACEX, da agência do Banco do Brasil em Uberaba. Iniciou sua carreira de Magistrado Federal em São Paulo - capital. Atuou, também, como Juiz Federal em Ribeirão Preto-SP, Belo Horizonte-MG, Uberlândia-MG e Uberaba-MG. Autor de várias obras publicadas.