Entrevista com o Autor


Prof. Gilberto Gaertner
em 29/10/2008

Psicologia e Ciências do Esporte

 

Gilberto Gaertner é psicólogo, com várias especializações e mestrado, doutorando em atividade física, esporte e lazer; professor e coordenador do Laboratório de Psicologia do Esporte; coordenador do núcleo de pós-graduações em Psicologia e Ciências do Esporte da Universidade Positivo. Pesquisador da Universidade do Minho - Portugal. Atuou como psicólogo do esporte de várias equipes de futebol e de vôlei e também com a Seleção Brasileira de Karate Tradicional e com a Seleção Brasileira de Vôlei Masculino com Bernardinho. Presta consultoria a clubes esportivos e faz a preparação psicológica de vários medalhistas nacionais e internacionais de tênis, golfe, natação, triatlo, artes marciais, etc. Autor da obra "Psicologia e Ciências do Esporte".

 

1- Qual a proposta da obra?
R:
Integrar o conhecimento da psicologia com o das ciências do esporte, num enfoque multiprofissional.

2- O livro trata de quais temas?
R:
Temas de psicologia do esporte como overtraining, liderança, agressividade, auto-eficácia, fluxo, inteligência emocional, concentração e meditação. Outros temas também estão presentes como indicadores fisiológicos, treinamento desportivo, powerlifting, sociologia do esporte e conhecimento dos treinadores.

3- Há algum novo conceito ou teoria?
R:
Uma diferença é a visão multiprofissional, que interessa tanto a psicólogos do esporte e educadores físicos, como a treinadores e atletas. Outro destaque é que tanto o organizador como os colaboradores têm uma sólida formação acadêmica conjugada com larga experiência aplicada. Todos os temas são bem atuais e um dos destaques é a aplicação da meditação dentro do campo esportivo.

4- Você acredita que o sentimento de derrota e a baixa auto-estima dos atletas explicam o fraco resultado do Brasil nas Olimpíadas em Pequim?
R:
Primeiramente acredito que a expectativa foi muito alta, foi comparada ao desempenho do Pan do Rio. A exigência e índices olímpicos são muito diferentes. Outra questão que acho importante ressaltar é estrutural, com poucas exceções o esporte de base no Brasil é inexpressivo e o universitário não existe. Para um desempenho melhor precisamos investir mais e no longo prazo, desenvolver uma cultura esportiva no país.

5- Do ponto de vista psicológico, quais fatores determinaram o mau desempenho dos atletas brasileiros em Pequim?
R:
Vimos em muitas modalidades uma clara falta de controle emocional, que ficou bem evidenciado  nos momentos decisivos, falta de uma preparação psicológica. Poucas equipes e atletas tiveram acompanhamento profissional com psicólogos do esporte, e podemos pontuar que nem a delegação olímpica contou com profissionais da área. Os países de melhor desempenho olímpico tiveram nas suas delegações um número expressivo de psicólogos do esporte. Entre poucas equipes brasileiras com acompanhamento psicológico sistemático tivemos o judô (3 bronzes) e o vôlei feminino (ouro). Fez diferença nos resultados. Atualmente não é admissível que não se lance mão da preparação psicológica em atletas de alto rendimento, pois é tão importante como a preparação física, técnica e tática.