Entrevista com o Autor


Profa. Ana Magnólia Mendes
em 17/12/2008

Trabalho e Saúde

Ana Magnólia Mendes é Professora do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho e do Programa de Pós-graduação em Psicologia Social e do Trabalho e das Organizações - PSTO do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília – UnB; Pós-doutorado em Psicodinâmica e Clínica do Trabalho no Conservatoire National des Arts et Métiers – CNAM, Paris; Doutorado em Psicologia pela UnB e sanduíche na Universidade de Bath, Inglaterra, mestrado e graduação em Psicologia; Pesquisadora do CNPq desde 1996; Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Saúde e Trabalho – Gepsat. Orienta teses, dissertações e monografias na abordagem da psicodinâmica e da clínica do trabalho, enfocando as temáticas: cultura organizacional e saúde no trabalho; prazer e qualidade de vida no trabalho; organização do trabalho, subjetivação e prazer-sofrimento; estratégias de enfrentamento do sofrimento no trabalho; violência no trabalho; trabalho e patologias sociais; riscos de adoecimento e doenças ocupacionais. Organizadora da obra "Trabalho e Saúde - O Sujeito Entre Emancipação e Servidão".

 

1- Como surgiu a proposta da obra Trabalho e Saúde?
R:
O livro “Trabalho e Saúde” é fruto de diálogo entre diversos pesquisadores que fazem parte da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (Anpepp). A construção desta obra reflete o diálogo que se reflete na articulação teórica entre as abordagens da psicologia social e do trabalho, da ergonomia da atividade, da psicodinâmica do trabalho e da sociologia clínica.

2- Qual era o objetivo dos autores com a publicação desta obra?
R:
A intenção dos autores é construir conhecimentos compartilhados que forneçam uma alternativa clínica ao olhar analítico hegemônico no campo da saúde do trabalho, na tentativa da superação do viés causalista e assistencialista que caracteriza algumas produções científicas e práticas profissionais no campo da saúde do trabalho.

3- O que o público pode encontrar de diferencial na obra?
R:
Pretende-se aprofundar a discussão sobre a problemática da emancipação e servidão do sujeito. Considera-se o trabalho como lugar da emancipação e servidão, a depender do sentido que ele assume para sujeitos em função da realidade na qual é exercido. Esta realidade reflete os modos de produção flexível do capital, incluindo todos os mecanismos de regulação e controle, particularmente, a dominação e a sedução contraponde-se ao espaço da fala, da cooperação e do reconhecimento.

4- De que forma está estruturada a obra?
R:
A obra está composta por 11 capítulos, tratando de temas relacionados ao prazer, reconhecimento e saúde. Os capítulos apresentam subsídios para o leitor compreender como se estabelecem as relações entre capital-trabalho no modelo de gestão flexibilizado, como o sujeito psíquico é capturado pela rede social e como age e reage a esse contexto, construindo saídas mais voltadas para a emancipação e/ou servidão.

5- Em sua opinião, quais as principais contribuições desta obra?
R:
Pretende-se com este livro contribuir para a construção do conhecimento nesse campo de estudo e para o debate de questões presentes no cotidiano de nós trabalhadores, que desejamos e buscamos a emancipação como caminho para estruturação psíquica e social, e, muitas vezes, nos deparamos com um contexto de perversidade instituída pelo produtivismo, só nos restando como saída a servidão. Por isso, faz-se necessário irrigar os modos de pensar, fazer a crítica ao que está posto, reconhecer as contradições e buscar as mediações mais bem-sucedidas. A expectativa dos autores é que a leitura de todos esses capítulos permita o desvelamento e desmantelamento do que é nocivo à alteridade e à emancipação de todos nós, enquanto sujeitos-trabalhadores.