Entrevista com o Autor


DR. Gustavo Luiz Gava
em 22/10/2010

 O Último Desejo de Freud  - Requiem à Teoria do Inconsciente

Gustavo Luiz Gava é Mestre em Filosofia da Mente (PUCPR), Especialista em Noergologia – estudo da interface pensamento-cérebro (NIP-UNIBEM), Especialista em Literatura Brasileira e História Nacional (UTFPR) e Graduado em Filosofia. Atualmente é professor de Filosofia e Ética da Universidade Positivo. Escritor, Consultor e Filósofo. Tendo, no momento, como uma de suas principais obras, O Último Desejo de Freud: requiem à teoria do inconsciente, pela Juruá Editora. Obra classificada entre os 10 melhores livros do ano no 53º Prêmio Jabuti de 2011 pela Câmara Brasileira do Livro (CBL). Sétimo lugar na categoria Psicologia e Psicanálise. Membro pesquisador da Academia Sul-Americana de Medicina Integrada (ASAMI). Atua como consultor filosófico e de noeróbica® nos tratamentos integrativos. Possui participação em congressos de medicina integrada, seminários de atualização em neurociência e estudos que abarcam os fenômenos da interface pensamento-cérebro.

 

1 - O título da obra enseja que o último desejo de Freud era reformular a teoria do inconsciente. Ou seja, o seu grande triunfo ocidental?
R:
Veja. Freud nos seus últimos dias de vida percebeu a real necessidade de reformular muitas de suas teorias. Principalmente, frente às novas descobertas da interface pensamento-cérebro, a teoria do inconsciente que, por sua inconsistência metodológica, apresentava contradições bizantinas em relação à própria descoberta da plasticidade cerebral, da neuroeletricidade, entre outras. Freud encontrava-se desgostoso com tal situação. Contudo, por perceber categorias nocivas no método psicanalítico, afirmou que o próprio futuro da psicanálise estava nas reformulações biológicas entre pensamento e cérebro que ainda estavam por vir. Em relação a teoria do inconsciente, Freud também afirmou a limitação metodológica por se tratar de conteúdo subjetivo e metafísico, comparado, e que o mesmo já percebia, ao que viria ser condecorada pela década do cérebro. Freud começava a compreender que o conceito de energia do pensamento que ele estudava, estava arraigado desde Hipócrates, ou seja, a própria libido da energia sexual. Quando Freud iniciou seus estudos, a neuroeletricidade era inteiramente desconhecida à época vitoriana. Foi a partir deste momento que ele começou a aceitar e a assimilar a existência da neuroeletricidade, e por este mesmo motivo, falou a célebre frase: “eu falo em libido porque foi isso que aprendi mas... o que eu não daria para conhecer a verdadeira essência dessa energia". Freud deixou implícito o seu último desejo, e é esta temática que resgato e apresento em toda a obra.
Contudo, o que Freud não sabia nós hoje sabemos. A energia do sistema pensamento-cérebro é noergia.

2 - Então você é um crítico de Freud?
R:
Na verdade, me considero um defensor de Freud por tudo que o mestre nos concedeu a alcançar contemporaneamente. Faço das palavras do ilustre neurocientista Mark Solms – um dos mais renomados neurocientistas da atualidade e defensor freudiano – as minhas. “Tenho certeza de que se Freud fosse vivo ainda hoje a psicanálise não mais existiria”. A minha crítica é teórica e feita aos defensores do freudismo que encontram-se no ostracismo metodológico e científico frente as descobertas do Terceiro Milênio. Contudo, a minha crítica pode ser considerada ideológica e não pessoal. As ideias devem ser combatidas com outras ideias. Se não fosse pelo trabalho investigativo de Freud sobre a psique humana, talvez hoje ainda estivéssemos defendendo a ideia de que o pensamento humano é invadido por uma energia invasora demoníaca e/ou inconsciente. Quem abriu as portas dessa revolução nos estudos da interface pensamento-cérebro na transição entre os séculos XIX e XX foi Freud. Agora, em pleno século XXI, defender estaticamente o que o próprio Freud não mais defenderia, é um caminho nocivo para a raça humana. Alerta este feito pela própria Unesco, em comunicado oficial amplamente conhecido e denominado por Carta de Veneza.

3 - Então o seu livro evidencia os fatores nocivos de maneira não apenas histórica, mas também científica?
R:
Exatamente. A minha proposta de pesquisa obteve-se fundamentalmente na Carta de Veneza. Em 1986, em um colóquio oficial da Unesco, foi reunido os 20 maiores cientistas da atualidade para apresentarem um relatório sobre a conduta científica com relação a toda sociedade. Chegaram a conclusão de que as ciências humanas (filosofia, psicologia, psicanálise, psiquiatria não organogênica, sociologia, entre outras) completamente baseadas no mecanicismo do século XIX, apresentava grave risco contra a humanidade e sua existência. Isto é, o próprio Freud já vinha observando exatamente o mesmo risco. Só não teve tempo para reformular algumas de suas teorias baseadas no mecanicismo e determinismo psicológico. A partir deste alerta é que apresento em uma segunda parte do livro, todos os aparatos científicos hoje nocivos, e suas inconsistências metodológicas contemporâneas.

4 - Isto quer dizer que o livro é divido em duas partes. Você poderia explicar quais as reais diferenças entre elas?
R:
A primeira parte destina-se no resgate historiográfico e apontamentos teóricos, preparando o leitor à fazer a transição paradigmática. A segunda parte apresenta uma nova leitura fenomênica das questões freudianas em relação a teoria do inconsciente e as últimas pesquisas que abarcam a interface do sistema pensamento-cérebro.

5 - Dentre a vasta literatura pós-freudiana e seus inúmeros lançamentos semestrais (digamos assim), gostaríamos que o Senhor nos apresentasse no que a sua obra se diferencia perante o tema amplamente explorado? O que ela possuiu de inovador?
R:
Em primeiro lugar, o meu trabalho de pesquisa apresenta alguns pontos inéditos na investigação freudiana em relação à teoria do inconsciente e sua subjetiva relação ao sistema pensamento-cérebro. Em segundo lugar, pela relação e os contatos que mantive com renomados cientistas norte-americanos, sendo considerados ilustres participantes das últimas investigações sobre o funcionamento do sistema pensamento-cérebro. Estas mesmas temáticas de pesquisas foram apresentadas no programa National Geographic. Entre os cientistas participantes estão: a psicóloga Ph.D. Elizabeth F. Loftus, autora de O Mito das Memórias Reprimidas; o ex-psicanalista Ph.D. Frederick Crews, autor de As Guerras da Memória, e outros pesquisadores apresentados no livro que também concederam explanações à disponibilização investigativa. E é claro, que dentro deste ineditismo, toda a sistematização deste trabalho pioneiro apresentado, se deu por meio de uma revolução de paradigma. E é por meio desta transição que apresento uma nova terminologia de estudo baseada na Noergologia. Uma ciência que vem cada vez mais conquistando o seu espaço nos estudos da interface pensamento-cérebro a luz da vanguarda científica.

6 - E o que é exatamente a Noergologia?
R:
Noergologia é o nome que une os estudos sistemáticos acerca do pensamento-cérebro humano. Emparelhando os componentes etimológicos gregos deste termo com os da palavra energia, veremos partes em condomínio: a) nous+ergon+logos = estudo do pensamento ativo e criador; b) en+ergon = em atividade. O termo Noergologia, ora proposto, significa o estudo do pensamento com poder de comandar energia ativa sistemática e atentamente interneurais para todo o sistema fisiológico.
Trata-se de um novo paradigma das ciências humanas (Paradigma do Ativismo Pisíquico), que focaliza o homem não mais como um ser passivo inconsciente, mas como um pólo dotado do sistema pensamento-cérebro ativo e criador ao qual o poder se imanta. São seus axiomas: a) cérebro é órgão e instrumento do pensamento; b) ser humano intencional, não determinista; c) pensamento-cérebro é um sistema ativo e criador; d) imaginação comanda noergia; e) cientista holocentrado.
Em meados da década de sessenta, o pesquisador Jacob Dorival Bettoni, autor do livro Revolução de Paradigma na Psicologia: nova compreensão da energia (e=mc²), começava a sistematizar o que viria a ser a ciência Noergologia. Bettoni, psicólogo, sociólogo, filósofo e ex-psicanalista, estudou por mais de quarenta e cinco anos a energia do pensamento e os sistemas cerebrais. Em 1999, juntou-se com um grupo de pesquisadores (psicólogos, filósofos, psiquiatras, entre outros) para elaborarem a ascensão noergológica.
Com um estimado material adquirido de vários países – a maioria inéditos no Brasil –, este grupo foi capaz de sistematizar os princípios da Noergologia e a sinergia com algumas descobertas da própria Neurociência. Este relevante material originou-se em um projeto de parceria com o Ministério da Cultura Pronac 97/3562 Portarias 157/98, 22/99 e 80/99.
A Noergologia revolucionou as ciências humanas, principalmente a Psicologia, a Psiquiatria não organogênica e a Psicanálise, resolvendo em semanas as adversidades que demoravam meses, anos ou a vida toda para serem trabalhados, e que ainda são tidos como “doenças mentais”, tais como: medo, fobia, manias, ansiedade, estresse, compulsão, mudanças bruscas de humor, timidez, pensamentos negativos, entre outros.
Uma de suas primeiras descobertas foi a noeróbica®. Noeróbica® é patenteada e protegida legamente/intelectualmente. Em 2003, o Instituto de Pesquisas em Noergologia conseguiu patentear e consolidar a garantia de proteção de marca (noeróbica®) e propriedade intelectual no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial).
MARCA N° 824784294 DE 18/06/2002, MARCA N° 825865468; MARCA N°825865450 DE 16/09/2003 – “NOERGOLOGIA NOERÓBICA® depositados junto ao INPI-MICT
Hoje, a Noergologia tem um amplo leque de casos solucionados à disposição dos que queiram conhecer mais sobre o assunto. Estão sendo resolvidos com eficácia problemas dos mais diversificados através das técnicas da noeróbica® e do noergotrainner®.

7 - Podemos perceber que no seu livro há uma terminologia totalmente nova baseada na Noergologia, tais como as mais usadas: megane, megaína e noergia. O que elas significam?
R:
Com a transição de paradigma foi possível perceber os mesmos fenômenos de outra maneira. Ou seja, não foi a nova nomenclatura que possibilitou essa mudança perceptiva, mas sim, a nova percepção que exigiu uma nova terminologia fenomênica. São elas:
Megaína — adotado pelo PAP (paradigma do ativismo psíquico) em substituição a instinto, este último, eivado do passivismo deformador do PPP (paradigma do passivismo psíquico); megaínas são arquivos de memória criados ativamente ao longo da evolução para nomear ações comportamentais usuais, como: lutar, fugir, comer, beber, dormir, copular. As megaínas apenas ligam a tomada adrenérgica correspondente a uma das ações mencionadas. Exemplifique-se: as megaínas, responsáveis por reflexos concernentes ao comando lutar, reduzem a circulação periférica para ativar mais intensamente a circulação sanguínea para o tórax e para os braços, aumentando o teor de adrenalina e de glicose, em suma, preparam o indivíduo para a luta. Todavia, com quem e por que lutar é comando intencionalmente dirigido pelas ideias meganérgicas culturalmente exercitadas durante a existência. Ideias meganérgicas inatas e adquiridas conferem eficiência e rapidez à execução da ação contida potencialmente na respectiva memória.
Noergia — energia específica total do sistema pensamento-cérebro, resultante do “abraço” infocinético da energia neural (específica do cérebro) com a energia noérgica (do pensamento). No meio jurídico assume o significado de força, eficácia, poder de atuar.
Megane — memória plena de noergia, a que o PPP denomina inconsciente.

8 – Qual a mensagem final que você deixa para o leitor com relação ao seu livro O último desejo de Freud?
R:
O livro é um convite àqueles que desejam participar do revolucionário entendimento das questões que envolvem as relações entre pensamento e cérebro a partir de pesquisas e apontamentos frente ao Século XXI. Destinado a pessoas de todas as áreas que primam pelo aprimoramento e progresso humano.